Sexta-feira, 17 de Dezembro de 2010
Casal de camponeses indo para o trabalho - Van Gogh
 
 
Nem um palmo tinha
de terra que fosse minha!
 
A lonjura das herdades
ganhava ao longe da vista...
E o sangue do meu suor
a tudo deu de beber!
 
Não há homem que resista
quando tudo tem de dar
e nada que receber!
Quando até o pão que é seu
é obrigado a pagar...
 
Fui a gleba, fui a fome.
Não tinha terra nem nome...
 
 
José-Augusto de Carvalho
In arestas vivas, 1980


publicado por Do-verbo às 08:15
 

 

Guardei no bolso a amargura
que me coube nas partilhas.
 
Bebi, com raiva convulsa,
uma lágrima teimosa
e parti como um maltês
acossado p'los rafeiros...
 
Partiu comigo a mentira
da terra que se diz minha...
 
 
José-Augusto de Carvalho
In arestas vivas, 1980


publicado por Do-verbo às 03:59
Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2010
Foto internet
 
Meu lírio roxo... cantigas
que o vento nos traz e leva
na mentira das espigas...
pão amassado de treva...
 
Meu sonho de pesadelo,
suão - ardência de lava!
Minha papoila de anelo
que és livre só porque és brava!
 
Minha dimensão estulta
do trânse que em ti abrigas!
Minha terra onde um menino
é já a mentira adulta
da moda feita destino...
Meu lírio roxo... cantigas!
 
 
José-Augusto de Carvalho
In arestas vivas, 1980


publicado por Do-verbo às 15:10
Registo de mim através de textos em verso e prosa.
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