Sábado, 30 de Abril de 2011
                 
                      
 
        O registo desta história
        que lhes vou aqui contar
        encontrei-o na memória
        dum acervo popular.
/
 
        Era um quadrúpede astuto,
        por entre as gentes andando,
        de todos o mais enxuto
        dos quadrúpedes do bando.
/
 
        Um dia, alguém lhe assestou
        um pontapé no focinho.
        Assustado, se empinou,
        dorido, a fazer beicinho.
/
 
        E, assim, bípede ficou,
        bendizendo a dor e o dano,
        pois, agora, diz: eu sou,
        como vocês, ser humano!
/
Quantos bípedes quejandos
        andam, neste mundo, ufanos,
        fazendo crer que seus bandos
 
são também seres humanos? 


José-Augusto de Carvalho
3 de Abril de 2007.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal


publicado por Do-verbo às 07:37
                    
                    
            Na mesa, o pão repartido.
            Na fraterna divisão,
            cada parte é o quinhão
            que a cada um é devido.
 
            Não é diferente a fome
            por mim ou por ti sentida,
            por isso, em igual medida,
            cada um de nós o pão come.
 
            Assim está consagrado
            o princípio basilar
            e será desmascarado
            aquele que o violar.
 
            Aos farsantes e aos tiranos
            lhes digo que me cansei
            das mentiras que escutei
            sobre os direitos humanos.
 
 
 
 
José-Augusto de Carvalho
7 de Janeiro de 2007.
Viana * Évora * Portugal


publicado por Do-verbo às 07:29
                

           

            Esta grande depressão
            mais parece um iceberg,
            pois das águas se soergue
            apenas uma alusão.

            Sob as águas, escondida,
            jaz a maior dimensão,
            numa estranha gestação
            de desgraça prometida.

            De ramo em ramo, atrevidos,
            passeiam-se os chimpanzés,
            metendo as mãos pelos pés,
            de prosápia convencidos.

            Em baixo, olhando os ufanos,
            os homens, cantam em coro,
            o direito ao desaforo
            dos seus direitos humanos...

José-Augusto de Carvalho
15 de Março de 2007.
Viana do Alentejo * Évora * Portugal


publicado por Do-verbo às 06:51
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