Sem anseios de evasão
nem espaços interditos,
este dia de verão
tem feitiços infinitos.
Arde o sol, é meio-dia!
As sopas de pão caseiro
boiam, mansas, na água fria...
Sou, no gaspacho, o primeiro!
Dorme a terra à soalheira.
Não há quem se não resguarde
enquanto viva, a fogueira,
se derrama pela tarde...
Da primavera florida,
muito pouco já mal resta...
Vai a tarde de vencida,
são horas de erguer da sesta!
Olha o sol já no poente,
na sua hora derradeira!
Rouba-lhe um tanganho ardente,
com ele acende a fogueira...
Porque é tempo de folgar,
qual irá ser a primeira
das moçoilas por casar
a saltar esta fogueira?
Vamos, salta, mocidade!
Não terás na vida inteira
mais outra oportunidade
para saltar à fogueira...
José-Augusto de Carvalho
Viana, 18 de Junho de 2011.