Sábado, 22 de Junho de 2013

HAI-KAIS IRREVERENTES

 

José Augusto Carvalho

 

 

Não tenho do verso a ciência,

Mas gosto de pôr à prova

Minha própria incompetência.

O meu ser é carcomido

De tanto ser e não ser

Na dor de nunca ter sido.

 *

Aproxima-se o meu fim.

Quando eu morrer,

O que serei de mim?

 *

Estou banhado em suor.

Bátegas caem sobre o pão.

Seu sabor será melhor?

 *

Quando chegar minha hora

Talvez eu ache um jeitinho

De não ir embora.

 *

O sentido da vida consiste

Em procurar para ela

Um sentido que inexiste.

 *

Os meus hai-kais,

Se vêm da fé,

São imorais.

A pedra cai na água fria,

E as ondas que faz se espalham

Na minha mente vazia.

 *

Eis um poeta da gema:

O vento que agita as ramas

Segreda um longo poema.

 *

Minha crença é esta, em suma:

Deus, antes de criar tudo,

Não tinha idade nenhuma.

 *
Cidade de Vitória - ES - Brasil


publicado por Do-verbo às 16:29
Domingo, 16 de Junho de 2013

 

 




Dei tudo quanto tinha para dar...
Até a fantasia do meu canto!
Ai, que saudade tenho do luar
e da ternura argêntea do seu manto!

Saudade concebida de pureza,
na dádiva de um vago estremecer.
Enleio enamorado a prometer
antemanhãs sonhadas de beleza.

E neste fim já próximo da estrada,
desfio este rosário que sustenho
numa vigília trémula e cansada.

Sem ilusões nem sonhos, a desoras,
ainda, nesta espera que mantenho,
pergunto à Vida: Por que te demoras?



José-Augusto de Carvalho
16 de Junho de 2013.
Viana*Évora*Portugal



publicado por Do-verbo às 23:53
Registo de mim através de textos em verso e prosa.
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