Terça-feira, 31 de Julho de 2012

 

Tela de José Malhoa * Foto Internet, com a devida vénia

 

 

 

 

À venda não estão as noites de luar
nem as antemanhãs da nossa inquietação…
À venda não estão o verde-azul do mar
nem barcas que ousem mais além do Cabo Não…
 
À venda não estão as ágeis andorinhas
que trazem o louvor de cada primavera…
À venda não está o sol que doura as vinhas
e o mosto a fermentar a raiva desta espera…
 
À venda não está o cais da nossa urgência,
em lágrimas de sal banhando os nossos pés…
À venda não está a mágica cadência
do sonho a baloiçar na angústia das marés.
 
À venda não estão os versos da canção
gemendo noite adentro a nossa condição…
 
José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 30 de Julho de 2012


publicado por Do-verbo às 00:02
Sábado, 28 de Julho de 2012

Já nem um arrepio o corpo sobressalta?
O tempo passa e com o tempo vou passando.
E fica para trás o como, o onde, o quando…
Será que tenho tudo e já nada me falta?

Talvez me falte a paz, a paz que nunca tive…
Que eu tenho céu azul e sol e tanto mar!
E um cais que se rendeu… e urgente é navegar
além do Cabo Não que nega quanto vive.

E nesta calmaria, inúteis são as velas.
Nem ventos de feição nem ventos de procelas
agitam este mar e acordam este cais…

E dói a solidão na ausência do convés.
Vagueio sem destino e já nem sinto os pés.
Exausto, neste fim de mim, quisera mais!


José-Augusto de Carvalho
Lisboa, 27 de Julho de 2010.



publicado por Do-verbo às 22:36
Registo de mim através de textos em verso e prosa.
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