Nem sempre é o contraste o clímax certo.
Nem sempre o que é monótono aborrece.
O Belo, que perturba e que entontece,
às vezes, sem se ver, está tão perto!
O que separa, o que une, o que dispersa...
A dúvida tenaz nos atormenta...
A sede que tortura e que, perversa,
parece de si mesma estar sedenta...
Importa o que se diz, exacto o termo.
Importa o que se cala e dói no peito.
Importa uma cidade erguendo um ermo.
Importa o verbo mesmo sem sujeito.
A barca, até na hora derradeira,
espera a pomba e o ramo de oliveira..
José-Augusto de Carvalho
Viana*Évora*Portugal
20 de Novembro de 1996.