Quarta-feira, 05 de Janeiro de 2011
 
 
Nem sempre é o contraste o clímax certo.
Nem sempre o que é monótono aborrece.
O Belo, que perturba e que entontece,
às vezes, sem se ver, está tão perto!

 
O que separa, o que une, o que dispersa...
A dúvida tenaz nos atormenta...
A sede que tortura e que, perversa,
parece de si mesma estar sedenta...

 
Importa o que se diz, exacto o termo.
Importa o que se cala e dói no peito.
Importa uma cidade erguendo um ermo.
Importa o verbo mesmo sem sujeito.

 
A barca, até na hora derradeira,
espera a pomba e o ramo de oliveira..


 
José-Augusto de Carvalho
Viana*Évora*Portugal
20 de Novembro de 1996.


publicado por Do-verbo às 14:50
 
 
 
Tentei, ah, se tentei
honrar o testemunho recebido!
Errei,ah, tanto errei
e com severidade fui punido!
 
Sujeito definido,
 de queda em queda, vítima da lei,
fui réu escarnecido
e em vários desencontros me enredei.
 
A passo e por compasso reprimido,
caminhos palmilhei,
mas, sempre p'la mão, o dia havido
convicto desbravei.
 
E nesse dia havido,
e sempre por haver, eu me encontrei...
 
 
 
José-Augusto de Carvalho
Tavira, 13 de Junho de 1996


publicado por Do-verbo às 11:18
 
 
 
 

Por limpas e montados e olivedos,
perdi-me, num febril desassossego.
Por entre sombras, reprimi os medos.
Exausto, a casa, finalmente chego.

 

Salvei-me de armadilhas e emboscadas.
Em noites de vigília, fui maltês.
Atento, em todas as encruzilhadas,
pesava um passo só de cada vez.

 

Jazia o tempo em torva prostração.
E, dia a dia, em pérfido declínio,
era imolado em aras de aflição.

 

Mas quanto mais sofria o seu domínio,
mais resistia à raiva e à rendição
e livre alvorecer era um fascínio!


 


Lisboa, 2 de Maio de 1996.


publicado por Do-verbo às 10:49
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